Um dos Bloco mais politizado do Carnaval de Pernambuco, participará do livro comemorativo dos 10 Anos do Carnaval de Zé Puluca. A confirmação da participação da Agremiação Carnavalesca “EU ACHO É POUCO”, foi anunciada na tarde de hoje (28), pela Presidente Luciana Veras. O presidente do Carnaval de Zé Puluca classifica o momento desta parceria, como “ENCONTRO DE DRAGÕES”. Tanto Eu Acho É Pouco como o Carnaval de Zé Puluca, tem como mascotes a figura de um Dragão. Que durante seus desfiles provocam um visual no meio da multidão simplesmente espetacular.
Fundado em 1976, em Olinda, o Grêmio Lítero Recreativo Cultural Misto Carnavalesco Eu Acho é Pouco foi criado por um grupo de amigos que havia se juntado para curtir a folia e criticar a ditadura militar em vigor no Brasil. Eram arquitetos, profissionais liberais, advogados e engenheiros. Boa parte morava no Sítio Histórico e os outros, residindo no Recife, estavam acostumados a seguir para Olinda para ver Pitombeira e Elefante passar. Antes do Eu Acho é Pouco surgir, o grupo de amigos já havia ironizado o período de repressão e restrições à liberdade de expressão com uma brincadeira que pode ser considerada precursora e pioneira - um pequeno bloco chamado Língua ferina.
A tentativa de tornar mais suportável a vida sob a ditadura por meio da brincadeira e da gozação era, de fato, uma válvula de escape para foliões politicamente ativos. Das línguas ferinas do coletivo nasceu a vontade de achar pouco e querer sempre mais. Assim passaram-se os anos, assim o Eu Acho é Pouco cresceu e virou um ícone do Carnaval pernambucano. Foi cantado em verso e rima por Alceu Valença, Getúlio Cavalcanti, Don Tronxo, Maurício Tapajós e Lenine. Em 1982, deu à luz a sua versão infantil, o Eu Acho é Pouquinho, também tingido de vermelho e amarelo. Essas cores, aliás, espalharam-se por Olinda e também pelo Recife. Podiam ser vistas em camisas e tecidos com ilustrações e estampas originais – concebidos e vendidos para garantir os recursos que viabilizam os desfiles durante a folia. Estavam nas fantasias inventadas por milhares de brincantes. Coloriam o estandarte e o famoso dragão que abre o cortejo.
Hoje, o Eu Acho é Pouco é organizado por uma segunda geração, composta de filhos, netos, sobrinhos, parentes e amigos dos fundadores. Desfila nas mesmas ruas e ladeiras da Cidade Alta nas quais estreou há quase quarenta anos sem nunca perder o espírito crítico ou o desejo de sonhar, porque um bloco de Carnaval se faz de sonhos, cores, sons, alegrias, algumas dores (porque sem elas não se vive, disso nós sabemos), símbolos e muitas, muitas, muitas pessoas. Um bloco de Carnaval se faz de suor, frevo, cerveja, samba, de bonecos gigantes e ladeiras repletas de gente fantasiada sob o sol do fim da tarde. De famílias, pais, mães, avós, irmãos, primos e amigos que se juntaram, em 1977, para criar uma agremiação, uma identidade, um país no meio da folia de Momo. De dragões, estandartes e histórias, muitas de memórias, das lembranças que o tempo nunca apaga, de todos os que fizeram parte dele e já se foram, dos que a cada ano nascem e dos que ainda vão por aqui chegar.
“A presença do EU ACHO É POUCO no livro “Zé Puluca De Todos Os Carnavais”, traz em seu estandarte rubro-amarelo, uma rica tradição de expressividade e liberdade. É no período de Momo que os foliões carnavalescos expressam com liberdade toda sua espontaneidade cultural. Uma Agremiação que é alimentada pelos lindos frutos gerados pelos jovens debutantes foliões. Gente que cresceram e foram famílias com filhos e filhas, e que hoje já garante o Eu Acho É Pouco por vindouras gerações. Deixo aqui registrado em nome de nossa diretoria, os mais calorosos agradecimento a Direção do Eu Acho É Pouco, com destaque a sua ilustre Presidente, Luciana Veras”. Grifou Carlos Alberto. Presidente-idealizador do Carnaval de Zé Puluca.