Com o Titulo “Considera a Arte dos Oito Baixos como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco”, Associação dos Músicos Amadores de Bom Conselho - AMABC protocola na Assembleia Legislativa de Pernambuco, através do Gabinete do Deputado Eduardo Porto, Anteprojeto de Lei em prol da Arte do Pé de Bode, Arte essa, que ficou famosa, nas mãos de Januario, pai do nosso saudoso Gonzagão.
Em tempo a AMABC, requereu a
Eduardo Porto, que o digníssimo parlamentar, pleiteasse ao Governador Eduardo
Campos, que a exemplo da Universidade Estadual da Paraíba de Campina Grande (UEPB),
seja implantando na Universidade de Pernambuco (UPE), escolas de sanfona de
oito baixos, nas principais Cidades-Polos de Pernambuco, viabilizando uma
contribuição imensurável a valorização da Arte que consagrou Luiz Gonzaga,
Sivuca e Dominguinhos como Músicos da Arte Popular Brasileira.
Na ocasião a Direção da
AMABC, convidou o Sanfoneiro bomconselhense Mané Caju dos 8 Baixos a visitar Assembleia
Legislativa de Pernambuco, Palácio Joaquim Nabuco, Casa do Povo Pernambucano, que a partir de 09 de Agosto de 1948, a sede
da Alepe recebeu o referido nome, graças a Indicação do então Deputado Tabosa
de Almeida, que após a propositura ser submetida apreciação do Plenário foi
aprovada por esmagadora maioria, tendo
como argumento o fato de Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo ter sido um abolicionista
destemido e incansável, de carreira política, diplomática e estadista brilhante.
Já nas dependências do Poder
Legislativo de Pernambuco, nosso artista (Mané Caju) de origem popular, tocou seu fole de 8
Baixos no Gabinete do Deputado Eduardo Porto, que ao som de Dominguinhos e Luiz
Gonzaga animou a todos que lá estavam.
Eduardo Porto, mais uma vez
fez questão de atender o pleito da AMABC, pois além de ser um defensor do
nativismo pernambucano, é incentivador da cultura do município de Bom Conselho.
"Estamos
felizes pelo momento, que possibilita em ver nossa humilde entidade,
apresentar ideias em prol da cultura pernambucana, e que bom que tais
ações coloca Bom Conselho dentro de um cenário de destaque, a nível de
Estado" Declara Carlos Alberto, presidente da AMABC.
ANTEPROJETO
DE LEI
Ementa:
|
Considera a Arte dos Oito Baixos como Patrimônio
Cultural Imaterial do Estado de Pernambuco.
|
ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Art.
1º A Arte dos Oito Baixos passa a ser considerado Patrimônio Cultural Imaterial
do Estado de Pernambuco.
Art.
2º A presente lei entra em vigor na data de sua publicação.
Justificativa
Foram
as imigrações alemã e italiana as responsáveis pela chegada da sanfona ao
Brasil, especialmente para os Estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul. Presença forte na porção meridional e no interior do Brasil, o
instrumento era comumente utilizado como forma de representação das tradições
daquelas comunidades, através da execução de ritmos diversos, como o fado, a
valsa, a polca. Nas diferentes regiões por onde passou, o acordeom foi ganhando
características pessoais do local, assim como diferentes denominações: sanfona,
no Nordeste; gaita, gaita de foles, realejo, no Sul. Muito difundido no País na
década de 50, agradava a todos os gostos devido à sua versatilidade,
desembarcou em solo pernambucano pelo Rio São Francisco, por voluntários da
pátria remanescentes da guerra do Paraguai, os primeiros eram da marca Koch
(alemã). Pesquisadores afirmam que os primeiros instrumentistas de oito baixos
de Pernambuco surgiram na antiga região próxima a Floresta dos Navios, hoje
simplesmente Floresta. É de lá o primeiro sanfoneiro dos oito baixos conhecido
no Nordeste: Januário José dos Santos, pai de Luiz Gonzaga. Da região de
Floresta ele imigrou para o sertão do Araripe, em Pernambuco (divisa com
Ceará), mas lá chegou com seu instrumento. Salgueiro ficou conhecida como uma
das primeiras cidades onde esse tipo de sanfona poderia ser adquirida no
comércio. Surgiram alguns sanfoneiros também na região do Pajeú de onde é a
sanfoninha. É nesse contexto que surge a figura de Luiz Gonzaga, o grande
responsável por popularizar o instrumento e difundir a denominação de sanfona,
através do grande sucesso de sua carreira musical. No entanto, já nos anos 60,
com a invasão do Rock e o surgimento da Bossa Nova, a sanfona perde espaço e as
fábricas brasileiras - Todeschini, Hering, Minuano e outras - fecham as portas.
Hoje, nos primeiros anos do novo século, é possível perceber, contudo, que
"a sanfona ainda não desafinou" e continua forte, reconquistando seu
espaço no imaginário popular e nas produções musicais Brasil a fora. É no
Agreste pernambucano, na cidade de Caruaru, comandada por Heleno dos Oito
Baixos que se encontra a primeira Escola de Oito Baixos no Brasil, e no
município de Santa Cruz do Capibaribe que encontramos a primeira Orquestra
Sanfônica do Brasil, e no Sertão pernambucano, situado no município de Exu,
sobre o comando de Luizinho Calixto, que a oficina passa a tradição do oito
baixos, ensinado, crianças, jovens e adultos a tocar o instrumento que ficou
famoso nas mãos de Januário, pai do nosso saudoso Gonzagão. No Recife, Arlindo
dos Oito Baixos deu suas aulas até quando sua saúde o permitiu, junto do seu
irmão, Aécio dos oito baixos. A sanfona de oito baixos, também conhecida como
pé-de-bode, fole de 8 baixos, fole, harmônica ou simplesmente oito baixos, faz
parte da memória musical e afetiva do Nordeste, verdadeiro patrimônio cultural
sertanejo. Foi muito popular no meio rural nordestino e presente em todos os
momentos de festividade e diversão das comunidades dos pés-de-serra,
responsável pela iniciação dos grandes ícones da sanfona nordestina: Luiz
Gonzaga, Dominguinhos e Sivuca e outros. Considerado pelos sanfoneiros um dos
instrumentos de mais difícil execução, pelo jogo de fole obrigatório, a
tradição do fole de oito baixos é uma arte que atualmente é dominada por
poucos. Esse instrumento recebe, no Nordeste, uma afinação diferente, única no
mundo, só utilizada pelos sanfoneiros de oito baixos dessa região do Brasil,
que confere ao instrumento maiores recursos, ampliando as possibilidades de
execução musical. No fim de 2012, o músico Arlindo dos Oito Baixos recebeu o
título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, um justo reconhecimento por sua
contribuição à cultura e à música. Considerar a Arte dos oito baixos como
Patrimônio Cultural Imaterial, é homenagear músicos como: Januário, Luiz
Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Basto Peroba, Mestre Heleno dos Oito Baixos,
Oswaldinho do Acordeom, Orquestra Sanfonica de Santa Cruz do Capibaribe,
Arlindo dos Oito Baixos, Mané Caju dos Oito Baixos, Luizinho Calixto, Abdias
dos Oito Baixos, Zé Moreno dos Oito Baixos, Aécio dos Oito Baixos, tantos
outros.
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