Por: José Roberto Pereira
Atendendo convite especifico da nossa Associação
dos Músicos Amadores de Bom Conselho-AMABC, nossa cidade tem a honra, orgulho e
privilégio de receber o Mestre dos Mestres da Cultura Nordestina e Membro da
Academia Brasileira de Letras o Professor Ariano Suassuna. Sua aula espetáculo “
TRIBUTO A CAPIBA” será realizada na AABB no dia 06 de novembro a partir das
20 horas apenas para convidados. Vamos conhecer juntos um pouco da história desta
grande personalidade Paraibana, porém, de alma Pernambucana.
Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa, no
Palácio do Governo aos 16 de junho de 1927, filho de Cássia Vilar e João
Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o governo da Paraíba e a família passa
a morar no Cariri, na Fazenda Acauã, em Taperoá na Paraíba.
Com a Revolução de 1930, seu pai foi assassinado
por motivos políticos no Rio de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, onde
morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e
assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola,
cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua
produção teatral.
Em 1942, ainda adolescente, Ariano Suassuna muda-se
para cidade do Recife, no vizinho estado de Pernambuco, onde passou a residir
definitivamente. Estudou o antigo ensino ginasial no renomado Colégio Americano
Batista, e o antigo colegial (ensino médio), no tradicionalíssimo Ginásio
Pernambucano e, posteriormente, no Colégio Oswaldo Cruz. Posteriormente, Ariano
Suassuna concluiu seu estudo superior em Direito (1950), na célebre Faculdade
de Direito do Recife, e em Filosofia (1964.)
De formação calvinista e posteriormente agnóstico,
converteu-se ao catolicismo, o que viria a marcar definitivamente a sua obra.
Ariano Suassuna estreou seus dons literários
precocemente no dia 7 de outubro de 1945, quando o seu poema
"Noturno" foi publicado em destaque no Jornal do Comercio do Recife.
Na Faculdade de Direito do Recife, conheceu Hermilo
Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947,
escreveu sua primeira peça, Uma mulher vestida de Sol. Em 1948, sua peça Cantam
as harpas de Sião (ou O desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do
Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que recebeu
o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, O Santo e a
Porca - O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a Lei, de 1959, A Farsa da
Boa Preguiça, de 1960, e A Caseira e a Catarina, de 1961.
Em 1955, Auto da Compadecida o projetou em todo o
país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o
texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida,
já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido
adaptada para a televisão e para o cinema.
Em 1956, afasta-se da advocacia e se torna
professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se
aposentaria em 1994. Em 1976, defende sua tese de livre-docência, intitulada
"A Onça castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura
brasileira".
Ariano acredita que: "Você pode escrever sem
erros ortográficos, mas ainda escrevendo com uma linguagem coloquial."
Obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para
inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.
Uma conceituação do Movimento Armorial pelo próprio
Suassuna
"A Arte Armorial
Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o
espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste
(Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha
seus "cantares", e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim
como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse
mesmo Romanceiro relacionados."
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O amor de Ariano (Paraibano) por Pernambuco lembra
verso do Poeta e Jagunço Pacífico Pacato Cordeiro Manso, filho de Quebrangulo –
AL (Terra natal de Graciliano Ramos) e cabra de confiança do cangaceiro Jesuíno
Brilhante, mostrando que Alagoas, Pernambuco e Paraíba tem as mesmas origens
culturais e familiares. “Meus Pais foram se mudando para o sertão
alagoano, nasceram no Cariri no sertão Paraibano, se nasceram na Paraíba também
são Pernambucanos”. Na próxima edição da Gazeta: Tributo de Ariano
(torcedor do SPORT) a Capiba (torcedor do Santa Cruz).
O Movimento Armorial surgiu sob a inspiração e
direção de Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e
escritores da região Nordeste do Brasil e o apoio do Departamento de Extensão
Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de
Pernambuco.
Teve início no âmbito universitário, mas ganhou
apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de
Pernambuco.
Foi lançado oficialmente, no Recife, no dia 18 de
outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes
plásticas realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade.
Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular
do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a
partir das raízes populares da cultura do País.
Segundo Suassuna, sendo "Armorial" o
conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo, a heráldica
é uma arte muito mais popular do que qualquer coisa. Desse modo o nome adotado
significou o desejo de ligação com essas heráldicas raízes culturais
brasileiras.
O Movimento tem interesse pela pintura, música,
literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura
e cinema.
Uma grande importância é dada aos folhetos do
romanceiro popular nordestino, a chamada literatura de cordel, por achar que
neles se encontra a fonte de uma arte e uma literatura que expressa as
aspirações e o espírito do povo brasileiro, além de reunir três formas de arte:
as narrativas de sua poesia, a xilogravura, que ilustra suas capas e a música,
através do canto dos seus versos, acompanhada por viola ou rabeca.
São também importantes para o Movimento Armorial,
os espetáculos populares do Nordeste, encenados ao ar livre, com personagens
míticas, cantos, roupagens principescas feitas a partir de farrapos, músicas,
animais misteriosos como o boi e o cavalo-marinho do bumba-meu-boi.
O mamulengo ou teatro de bonecos nordestino também
é uma fonte de inspiração para o Movimento, que procura além da dramaturgia, um
modo brasileiro de encenação e representação.
Congrega nomes importantes da cultura pernambucana.
Além do próprio Ariano Suassuna, Antonio Madureira, Francisco Brennand,
Raimundo Carrero, Gilvan Samico, Géber Accioly, Antônio Carlos Nobrega entre
outros, além de grupos como o Balé Armorial do Nordeste, a Orquestra Armorial
de Câmara, a Orquestra Romançal e o Quinteto Armorial.
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