Associação dos Músicos Amadores de Bom Conselho, em sua jornada do 1º Recenseamento Cultural do Município de Bom Conselho, teve o privilegio de conhecer mais um músico da arte popular de Papacaça, o bomconselhense, filho do saudoso Cidronio Barros “Cida do Pífano”, na pessoa do Rabequista José Pereira de Barros, de 74 anos de idade, agricultor aposentado, conhecido popularmente como “Zé de Cida”, residente no sitio Grota do Chiqueiro no Distrito de Rainha Izabel, em sua simplicidade tocou varias peças de Reisados, tudo devidamente filmado pela AMABC, Zé de Cida iniciou o oficio de rabequeiro por influencia do marceneiro Sebastian Bispo, que fabricava Rabecas para atender os inúmeros reisados existentes no Distrito de Rainha Izabel, ainda na sua formação de adolescente, foi aos 10 anos de idade que Zé de Cida, costumava a tocar escondido do Mestre de Reisado Mané Odocio, a sua rabeca, instrumento esse que encantou uma geração de reisados, no Distrito da Rainha Izabel.
A rabeca
ou rebeca é um instrumento musical de cordas friccionadas, aparentado ao
violino, e geralmente encarado como uma espécie de versão mais rústica ou
primitiva deste último. Apesar da evidente semelhança entre os dois, a rabeca pode
ser considerada como um instrumento com identidade própria, uma vez que se
distingue do violino em muitos aspectos, principalmente na construção e no modo
de tocar.
É
provável que a rabeca, sendo um instrumento popular na península ibérica
à época do descobrimento do Brasil, tenha chegado ao país já nos
primórdios da
colonização portuguesa. Existem algumas referências bem antigas ao uso
do
instrumento em festas populares, como as realizadas na Bahia, em 1760,
para
comemorar o casamento da Princesa do Brasil (a futura rainha Maria I),
com seu
tio D. Pedro (mais tarde D. Pedro III): “No dia onze fizeram os
sapateiros e
corrieiros a sua demonstração em uma dança de ricas e vistosas farsas,
que em
nada cedia à dos alfaiates, e discorreram pelas ruas ao som de várias
rabecas
destramente tocadas.” Em
suas diversas variantes, a rabeca pode ser encontrada em praticamente todo o
Brasil: nos fandangos paranaenses, nas folias de Reis de Minas Gerais, nos bois
de reis e cavalos-marinhos da zona da mata nordestina, na música caiçara do
litoral paulista, nos reisados e danças de São Gonçalo em todo o nordeste, em
comunidades de índios Guaranis em São Paulo e no Rio Grande do Sul, na marujada
do litoral paraense e em muitas outras regiões. Em cada um desses lugares,
possui características e repertório próprios, tendo sempre como denominador
comum sua integração aos folguedos e festas populares.
Hoje
no Sitio Grota do Chiqueiro, resta a antiga Marcenaria de
Sebastian Bispo, cercada de plantações de Bananas, lembranças das traquinagens
do menino Zé de Cida, que ao tentar afinar as cordas da Rabeca do Mestre do
Reisado, quebrava deixando Mané Odocio resmungando sem saber o autor das
travessuras.
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