Tributo a Capiba foi uma homenagem que Ariano Suassuna fez ao
compositor de frevos autor de Madeira
que cupim não rói e Maria
Betânia, morto há 17 anos.
Num espetáculo que reuniu música, dança,
canto e poesia. Acompanhado de músicos, bailarinos e cantores, Ariano fez um
resgate da obra menos conhecida de Capiba, que não alcançou o grande público.
Músicas
como “Tu que Me Deste o Teu Cuidado”, uma seresta criada a partir de um poema
de Manuel Bandeira, “Sino, Claro Sino”, com poema de Carlos Pena Filho, entre
outras, foram cantadas e dançadas pelo Grupo Arraial, criado por Ariano para
desenvolver seu projeto de aulas-espetáculo.
Conhecido
pelos frevos que são cantados e tocados a cada Carnaval, Capiba teve uma vasta
produção envolvendo valsas, choros, maracatus, entre outras. De todo o
repertório do espetáculo, apenas uma é um frevo: “Tributo a João Pernambuco”.
Ariano
conheceu Capiba quando tinha pouco mais de nove, ainda em Taperoá, na Paraíba,
graças a seus dois irmãos mais velhos, Saulo e João Suassuna. Os rapazes
paraibanos moravam em uma pensão no Recife, onde o jovem compositor também
vivia. Saulo, João e Capiba criaram então o grupo musical “Bando Acadêmico do
Recife”. Numa das apresentações, Ariano escutou uma composição, criada a partir
da poesia de Jorge de Lima, musicada por Capiba. Foi o seu primeiro contato com
a poesia moderna.
Quando
veio morar no Recife, Ariano e Capiba tornaram-se grandes amigos, amizade que
resultou em parcerias e mútuas influências, como nas músicas “São os do Norte
que Vêm” e “Cantiga de Jesuíno”, ambas de 1967. Impressionado com a
musicalidade do compositor capaz de criar frevos, serestas, choros e valsas,
Ariano, aos 24 anos, escreveu um ensaio sobre a obra de Capiba, de quem se
tornaria um grande amigo e também compadre, até a morte do músico, em 1997, aos
93 anos.
O
trabalho de resgate das partituras e letras coube a Antônio Madureira, diretor
musical do espetáculo, compositor como Capiba, violonista e integrante do grupo
Arraial. Madureira fez uma intensa pesquisa junto ao acervo da Fonoteca da
Fundação Joaquim Nabuco. A bailarina Maria Paula Costa Rêgo, responsável pelas
coreografias, optou por uma linguagem em que o fio condutor era as danças
populares, buscando “o corpo e a dança” de cada um dos bailarinos do Arraial.
O
espetáculo “Tributo a Capiba” foi levado gratuitamente a diversas cidades do
estado, cumprindo o projeto de “interiorização da cultura” defendido pelo então
Secretário Ariano Suassuna, desde que iniciou seu trabalho no governo Eduardo
Campos, em 2007, tempo em que comandou a Secretaria Especial de Cultura.
Ariano
e Capiba eram amigos, mas discordavam com relação a futebol: Ariano era rubro-negro, Capiba era tricolor fervoroso. Por isso, o cenário da
aula-espetáculo foi apresentado nas cores preto, branco e vermelho.
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