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domingo, 6 de agosto de 2017

BONECOS GIGANTES EM PERNABUCO: Como tudo começou!


Com o Título “Os Bonecos Gigantes de Olinda e Bom Conselho: Patrimônio Cultural e imaterial do nosso povo!”. O editorial do BLOG JB NOTICIAS, norteia seus leitores sob a existência dos Bonecos Gigantes em Pernambuco e suas origens. Entre 1905 e 1928, quando Belém se consolidava como sede de município às margens do Velho Chico.

O Padre belga Norberto Phalempin conduziu a vida religiosa e cultural do lugarejo, como seu primeiro vigário, e também contribuiu para a forma como os belemitas vivenciam o carnaval. De forma rotineira, o Padre expunha oralmente os costumes do seu torrão natal - a Bélgica - para um grupo de freqüentadores da Casa Paroquial. O Padre descrevia as festas religiosas européias em que se utilizavam grandes figuras humanas bíblicas em procissões, a fim de atrair fiéis para rituais litúrgicos. Atento ouvinte, Gumercindo Pires de Carvalho (filho do Cel. Jerônimo Pires de Carvalho e Hermelinda Pires de Carvalho-Dindinha) recontextualizava as gigantes alegorias no seu imaginário juvenil, inserindo-as no único folguedo da cidade. 

Um dia, ele concebeu aquelas figuras gigantes para uma finalidade diferente daquela exposta pelo Eclesiástico. Enquanto o Padre Norberto proclamava os feitos religiosos de sua terra, Gumercindo projetava o uso daquelas alegorias para ser o centro da animação do carnaval de Belém, ou seja, a transferência de um elemento do sistema simbólico cristão (católico) para o sistema de representação pagã. Folião apaixonado de primeira hora, ele desejava estimular o espírito carnavalesco daquela pequenina cidade, ainda sem qualquer meio de comunicação de massa. Quase sonhando, ele imaginava ter encontrado a fórmula de arrebatar definitivamente o entusiasmo de seus conterrâneos para a folia. Artista nato, o jovem Gumercindo procurou a sua tia Almerinda Benquerida do Amor Divino-Nenzinha, que utilizava a técnica de papel machê na confecção de santos e figuras para a Lapinha de Belém, popularmente conhecida como a Lapinha de Nenzinha e, com ela, projetou a modelagem de um boneco gigante. 


Com a massa de papel machê, Gumercindo moldou uma imensa cabeça masculina, com bigode e barba pintados. Teve como auxiliares: José Duarte Lima na modelagem, Luiz Borges (conhecido por Luiz de Tomásia) na pintura, Deoclécio Lustosa de Carvalho Pires como financiador do projeto e Nenzinha na confecção das mãos e das roupas. O corpo, com estrutura em madeira, vestia um macacão estampado. Não como Deus, mas como um artesão que recebeu um dom divino, ali estavam criador e criatura. O mito da criação se recriava. Precisava dar-lhe nome. Lembrou do português José Pereira que, no Rio de Janeiro, à época do império, iniciou o entrudo no carnaval brasileiro. 


 Em sua homenagem, batizou o boneco de Zé Pereira e estreou no carnaval de 1919. Produziu uma encenação para a chegada de Zé Pereira da Europa (chamada, como gracejo, de Oropas), a título de convidado especial da sociedade belemita para os dias de folia.  

Chegando de barco pelo Rio São Francisco, a Filarmônica e o povo aguardavam seu desembarque no porto. Os componentes da Banda fantasiados de marinheiros e as crianças de palhaços. Daí em diante, Zé Pereira vem comandando o reinado do povo que, em Belém, não é de Momo, tornando-se tradição nos carnavais. Inicialmente aos sábados e, depois, nas sextas-feiras à noite, impreterivelmente e sem atrasos, a recepção a Zé Pereira é marco oficial da abertura do carnaval belemita. Em 2019 Zé Puluca e a sua trupe, viajarão para a Cidade de Belém do São Francisco, onde participarão das comemorações do Centenário dos Gigantes mais antigo do Brasil. Zé Pereira e Vitalina!