Oriundo dos arredores do
Quilombo Rainha Isabel, em Bom Conselho, no Agreste pernambucano, Tomás Aquino
Leão não atendia por Galo Preto. Ganhou o apelido ao apartar briga, nos anos
1930. Menino brabo, metido a valente. Imitava os emboladores da região como
quem não quer nada quando fez as primeiras rimas de improviso, aos 8 anos.
Hoje, aos 82, o mestre do coco, repentista e embolador, é a maior representatividade
cultural de Bom Conselho, de prestigio nacional.

Apesar dos percalços da vida, jamais abandonou suas
tradições. Ainda menino, acompanhando o irmão mais velho, vendeu frutas,
legumes, amadureceu os versos nas ruas do centro de Recife. Por obra do acaso,
foi ouvido por Ascenso Ferreira enquanto cantarolava em frente à casa do poeta.
E o destino lhe sorriu. “Ascenso me pôs em contato com Zil Matos, que tinha um
programa na Rádio Clube, na qual terminei indo cantar. E tudo começou”,
resgata. Animou festas de família, inaugurações de lojas, emprestou a voz a campanhas
publicitárias, criou jingles para políticos locais.

Nos anos 1970, os das “vacas gordas”, como ele diz, participou de
programas de TV, contracenou com Chacrinha, Silvio Santos, Flávio Cavalcanti.
Cantou com Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Arlindo dos Oito Baixos. Imprimiu
nacionalmente o seu nome. O desenrolar da trajetória, registrada no
documentário Galo Preto, o menestrel do coco (2011), de Wilson Freire, ganha
novo capítulo com o primeiro álbum autoral. Histórias que andei reconstrói
memórias e inspirações de Galo Preto, enraizadas na oralidade do Agreste
pernambucano e difundidas pelo mestre, rei do improviso, há mais de 70 anos.
Crédito: Fotos (Wagner Medeiros) Texto adaptado !Diário de Pernambuco) - http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2016/11/28/internas_viver,675574/mestre-galo-preto-patrimonio-vivo-de-pernambuco-lanca-primeiro-disco.shtml